terça-feira, 30 de março de 2010

Pobre cadela (no caso de uma especificamente), de resto


A cadela do Maradona mordeu ele... coitada, vai saber que tipo de doença ela pode pegar...

Melhor amigo do homem... hehehe, piada.
Sabiam que há mais mortes causadas por ataques de cachorros do que por tubarões?!

Mas ok, pra quem gosta é um prato cheio. Apenas não tolero esses merdas que acham que você tem que aguentar o latido desses animais neuróticos e fétidos.
A bosta na calça eu não vou nem comentar.

Eu gosto de hipopótamos, nem por isso ponho um em casa e minha vizinhança tem que aguentar as minhas débeis escolhas.
A máxima do "a sua liberdade acaba quando começa a do outro" nesse país é uma piada.

Já fiz um desafio a um vizinho que dizia que seu cão não latia (a maioria dos donos de cachorro devem ser autistas, surdos ou apenas retardados): se eu ficasse 24 horas sem ouvir um desgraçado latir eu iria dar uma volta na Praça da Sé pelado numa segunda-feira ao meio-dia.

Nunca rolou... nem preciso dizer porque...

A justificativa de um outro era ótima: ele latia pra estranhos.
Gravei seu cão e anotei cada "estranho alvo" (veja o meu estado dos "neuvo"). 
Primeiro o carteiro; o mesmo há 'duzentos' anos que passava nos mesmos dias e nos mesmos horários.
Depois os lixeiros; os mesmos há 'duzentos' anos que passavam nos mesmos dias e nos mesmos horários.
Seguido de mim mesmo, que até provem o contrário, nem chego a 'duzentos' anos, mas sou o mesmo vizinho infernizado.

Ainda falam de inteligência... Você diria que seu filho é inteligente se ele rolasse e corresse atrás de coisas só porque você quer?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ciência, razão e... sim, emoção

A educação está algumas (muitas) décadas atrasada.
A ciência na sala de aula e na mídia só é pensada em termos de mecânica newtoniana e em "reducionices Descartianas".
Mas desde as primeiras décadas do século passado as coisas não são bem assim...

Somente para ilustrar o começo da bagaça:


"Todas as vezes que faziam uma pergunta à natureza, num experimento atômico, a natureza respondia com um paradoxo, e, quanto mais eles se esforçavam por esclarecer a situação, mais agudos os paradoxos se tornavam.

Em sua luta para aprenderem essa nova realidade, os cientistas ficaram profundamente conscientes de que seus conceitos básicos, sua linguagem e toda a sua forma de pensar eram inadequados para descrever fenômenos atômicos.

O problema deles não era apenas intelectual, mas envolvia uma intensa experiência emocional e existencial, como foi claramente descrito por Werner Heisenberg: 'Recordo as discussões com Bohr que se estendiam por horas a fio, até altas horas da noite, e terminavam quase em desespero; e, quando no fim da discussão, eu saía sozinho para um passeio no parque vizinho, repetia para mim, uma e outra vez, a pergunta: Será a natureza tão absurda quanto parece nesses experimentos atômicos?'" - Fritjof Capra


Curiosamente, mas não ao acaso, a teoria quântica não saiu de nenhum insight individual, mas de colaborações coletivas, entre outros: Max Planck, Albert Einstein, Niels Bohr, Louis De Broglie, Erwin Schrodinger, Wolfgang Pauli, Werner Heisenberg e Paul Dirac.


Tamanho o impacto da mudança, muitos envolvidos mudaram seus rumos na profissão, alguns chegando a estudar filosofia oriental.

Pauli por exemplo, se juntaria a Carl Jung para estudarem juntos psicologia e física, cujas barreiras ficaram muito mais sutís do que se poderia "permitir" durante o iluminismo.

Então o Coisa não é antagônico quando malha a velha ciência e nem se contra diz por ser mole por dentro.


Mas cuidad's com meus limites! Hehehehehe!


A interação e a colaboração passaram a ser mais importantes, tanto no estudo, quanto no sentido da natureza já que assim como os neuronios, os átomos em si, sozinhos, não são nada. 
Quando isso vai se refletir na sociedade?
Não tenho a menor idéia.

Mas que os novos cientistas tomam uns goró pra aguentar o tranco isso tomam! 

quinta-feira, 25 de março de 2010

Uma casa com jardim

Yuri veio pra casa há mais de dez anos.
Saiu de um pet shop cedo, bem menino, mas já orgulhoso, como seria o resto de sua vida.
Adotou a "mãe", eu, de bate-pronto. Identificação mútua.


Gatos são assim; eles é que te adotam.
Você não os tem, você os conquista.
Ao contrário dos cães, eles não tem um líder, e sim uma mãe.
Amigos, companheiros, sinceros e leais, mas com seu próprio senso de humor, independência, vontades e manias. Não espere que eles rolem ou deitem quando você quiser: sua autoestima e personalidade não permitem.


Yuri era ainda mais altivo e arrogante com os "estranhos".
"Como essas pessoas entravam na sua casa, atrapalhavam a sua rotina e tiravam a sua mãe dele?"
Era isso que ele demonstrava quando as visitas o incomodavam.


Como eu disse, a identificação foi mútua, afinal, O Coisa é o Coisa justamente por causa disso: duro por fora e mole por dentro.
O apelido surgiu durante a defesa dos gatos do IFUSP.
Ambos somos antipáticos e arrogantes para os estranhos. Aliás, pra nós, simpatia é quase uma medida de burrice.
Ambos, quando estamos angustiados, desaparecemos.


Qualquer gato, como todo predador, é limpo, silencioso, ágil, elegante, resistente, inteligente e capaz de agir em grupo ou individualmente de maneira igualmente eficiente.
Yuri levava a elegância ao extremo. A limpeza à obsessão. Sempre cheiroso.
A arrogância, bem, essa veio por direito.


Com a "mãe" era extremamente amistoso, carinhoso e companheiro.
Falava pouco mas dizia muito.
Compreendia a pobre fala humana rapidamente. Conversávamos muito.


Todo branco, alto, atlético, pernalta e com cauda longa, subia em qualquer lugar sem derrubar nada, mesmo que na maioria das vezes não soubesse o que teria sobre o seu destino.


Há poucas semanas começou a comer pouco e beber muita água. Fomos ao seu médico, fizemos um teste de diabetes que deu negativo e, devido à dificuldade em examiná-lo melhor (ele, assim como sua "mãe", odeia sair de casa), nada mais foi verificado.
Uns dois meses atrás ele já mostrava pequenos sinais "diferentes". Gatos são sutis até quando estão doentes.


Nunca perdeu seu olhar doce, mas eu já sabia que algo grave estava acontecendo.
Sempre admirei os felinos de um modo geral e sempre tive gatos. Aliás, tenho pena de quem não tem ou nunca teve.


Há uma semana parou de comer totalmente, entrou no banheiro quando eu estava lá e urinou no tapete (coisa que nunca fez e nunca voltou a fazer mesmo quando piorou). O recado foi claro: a comida estava fazendo mal e havia algo estranho com a urina.
Alguns podem dizer que foi coincidência ou uma ação isolada, mas não creio.


Apesar de não querer acreditar, por negação pura, sabia que algo muito grave estava acontecendo. 
Forcei rações especiais e vitaminas, algo que em outra ocasião eu havia prometido nunca voltar a fazer. Hoje, como eu já previa, me arrependo. 
Mas como conseguir suportar um filho definhar diante dos meus olhos?


Seu médico nos visitou e o examinou detalhadamente. Coletou seu sangue e cheirou sua boca. Pelo cheiro, já suspeitou de insuficiência renal.
Suas consultas duram até 2 horas, uma aula para os médicos dos bípedes.


Yuri já estava muito magro e cambaleante, uma tortura pra ele e pra mim. Parei de forçar as rações medicinais pois seria uma maldade desnecessária caso a insuficiência renal fosse confirmada.


O resultado do exame foi claríssimo: insuficiência renal aguda.
Daria meu rim a ele. 
Venderia tudo pra tratá-lo, mas seu médico, ao contrário dos nossos, não viu a chance de faturar.
Dr. Nivaldo foi claro, hemodiálise diária e experimentalmente um transplante de rim com pós operatório dificílimo. Uma tortura com resultados duvidosos e sobrevida (se é que se pode chamar assim) mínima.
Não queríamos agir de modo egoísta e contrário ao curso natural.


Mais uma vez Yuri havia me dado uma aula e havia sido claro: "Não há mais tempo para mim. Tenho que enfrentar a finitude de modo digno".
A eutanásia foi uma opção rápida. 
Mesmo sabendo que eu sentiria culpa infindável e dúvidas eternas quanto ao que poderia ter sido feito e ao que eu devia ter feito. Pela razão, a opção foi feita.


Dr. Nivaldo foi em casa a meu pedido.
Um sedativo forte foi aplicado. Yuri, cambaleante sobre a mesa, encosta a cabeça no meu peito. A carinha toda. Não consigo esquecer essa cena.
Tenho vontade de cancelar, mas sei que seria pior o seu sofrimento por mais alguns dias.
Ele deita, eu seguro sua cabeça com uma mão e o acaricio por inteiro com a outra.


Uma injeção letal é aplicada na veia. Não é uma coisa boa de se ver, mas era minha responsabilidade e dever acompanhá-lo até o fim.
Um milhão de sensações e pensamentos passam por minha cabeça.
Um suspiro fundo, e está acabado.


Não destino meus entes queridos ao lixo sanitário. Como poderia fazer isso com alguém que me acompanhou por dez anos?
Quando mudamos da casa para um apartamento eu havia prometido a ele que voltaríamos a uma casa com jardim.
Não deu tempo. Mais uma vez sinto que não cumpri algo com alguém.


Mesmo sendo meio de semana, embalo-o numa toalha e vou imediatamente para o litoral, na casa da minha mãe.


Apesar de não ser do jeito que nós queríamos, ele agora descansa novamente em uma casa com jardim.

terça-feira, 23 de março de 2010

Esse dia chegaria

O dia fatídico está chegando.
Nunca gostei de aniversário e este ano não podia ser diferente, ainda mais batendo os 40.
Quando eu era moleque achava 2010 um ano tão distante quanto a galáxia mais próxima.

Tive sorte quanto à carga genética, e ela é implacável.

Sem rugas, sem barriga, sem calvície, sem doenças degenerativas e ainda por cima, com inteligência e porte físico acima da média.
Mas é notório o que o tempo nos tira.

Claro que a segurança, bagagem cultural e certa maturidade só o tempo nos traz, mas não sei até quando as perdas compensarão os ganhos.

Envelhecer é perder nosso pífio controle sobre o que supostamente sempre achávamos controlável: o próprio corpo. E o pior, envelhecer é perder quem se gosta. Acho injusto. Deveríamos morrer todos juntos.

Além das perdas pelo término da vida, existem as perdas para a ausência de vida. Eu sempre enfatizo esta última e deixo claro que elas não são iguais.

Esta é a perda para corporações, para os modelos de vida que foram comprados e/ou assumidos como verdadeiros.
Quem nunca encontrou um velho amigo e não se perguntou quem era aquele sujeito que estava ali na sua frente?

O velho amigo se perdeu em algum lugar e a 'carcaça' vazia ainda perambula por aí. Uma espécie de clone vazio e autômato que cumpre apenas as funções de manter a prole e galgar algumas posições num organograma.

Digo que esta perda é mais dolorosa, pois é como um ente querido que desapareceu. O luto é muito longo.
Como escreve Roberto Shinyashiki: “Viver de acordo com as expectativas dos outros é suicídio.”

Uma monstruosa estrela, ao término de seu combustível nuclear, colapsa no próprio peso. Sendo bem sintético, elas se acabam gerando átomos maiores, o combustível para outras criações no universo.

O grande Carl Sagan já dizia que a astronomia é uma lição de humildade.
Nós, de forma bem mais modesta, só geramos comida de verme.

A morte foi banida de nossa sociedade. Ninguém pode morrer, e o pior, ninguém pode ter uma boa morte.

A consequência disso é que não temos vida.
A vida passou a ser uma negação da morte e nada mais.
Em nome de algum Deus qualquer, de alguma entidade qualquer ou simplesmente acumulando coisas de maneira faraônica, com o diferencial que o nosso custo, ao contrário dos faraós, são quase todos os anos de vida produtiva.

E o nosso tempo é curtíssimo!

Mais uma vez a astronomia é meu referencial.
No universo, somos uma partícula ridícula, de existência instantânea e sem nenhum poder de influência.

Olho os gatos, seres que sempre achei admiráveis.

Todos os felinos os são, mas o nosso gato doméstico é o ser a ser observado.
Fora todas as suas qualidades, inatas a um predador, como silêncio, limpeza, destreza, agilidade e resistência, ainda sabem morrer.

Só quem tem um gato sabe a serenidade com que eles enfrentam o fim. "Enfrentam" já é um termo humanizado, pois eles não enfrentam, eles aceitam.

A maioria para de comer e vai se deitar em locais molhados e frios, aguardando o fim do "jogo".

Em seu maior best seller, No Ar Rarefeito, John Krakauer escreve que não existe morte natural e, principalmente, que morrer de velhice não é natural.

Quem já ouviu falar num leão ou mesmo num salmão que morre de velhice?

Enfim, isso não é uma nota suicida, mas acho que para gostar de viver é preciso ter a morte como vizinha e ter a sabedoria de saber quando o jogo acaba.


Olho no espelho e vejo um molecão numa 'carcaça' que, apesar de ainda grande, anda meio enferrujada. São dois os fatos principais: não mudamos nunca e a minha 'carcaça' faz parte do que eu sou de maneira igualmente importante aos sentimentos e à sabedoria; não admito perder nenhum desses componentes, caso contrário, não serei mais eu.


Nessas épocas lembro sempre da biografia do meu ídolo do blues, Mr Riley B. King, a quem tive o indescritível prazer de ver ao vivo e a menos de 2 metros:


"B. e eu nos sentamos à mesa da cozinha. Estamos famintos; ele esquenta feijão e pão de milho, passa a manteiga por cima, despeja leite e mistura tudo. É muito bom.
BB King: Comi muito isso quando era menino depois que minha mãe morreu. Agora, quando volto de uma viagem, venho pra cá e finjo que voltei atrás e estou preparando isso pra mim. Dá uma sensação de conforto. Sei que mudei muito, mas também sei que não mudei nada. Pensando dessa forma, minha vida começa a ter algum sentido."

Dispenso o Fasano, vinhos caros e grandes viagens. Minha satisfação é plena quando chego na casa da minha mãe e ela diz que fez "apenas" feijão.

domingo, 21 de março de 2010

Sátira dos símbolos modernos


Colocar um manete de acrílico com caranguejo dentro na alavanca de câmbio era brega; hoje é tunning.
Comprar leite C era coisa de pobre; hoje é light.
Andar com havaiana ou sandália de "prástico" era uma tragédia; hoje é fashion.
Usar calça rasgada era coisa de homeless; hoje é style.
Carro com 20 anos era apenas velho; hoje é vintage.
Mortadela era motivo de piada; hoje ninguém nem entenderia.
Ter tatuagem era coisa de marginal; hoje é "atitude".
Ser gordo era coisa de abastado; hoje é uma pandemia.
Ser forte era coisa de circo; hoje é coisa de "malhado".
Um atulhado de moradias juntas era uma vila de operário; hoje é condomínio. 
Comprar um espaço aéreo era coisa de louco; hoje esse espaço (mínimo, diga-se de passagem) chama-se apartamento.
Trabalhar 14 horas por dia era coisa de peão; hoje é coisa de executivo.

Se eu for continuar...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Se a moda pega

Nunca pensei estar vivo pra ver isso.
Ainda é pouco, mas fala que não é legal?


 
Yahoo - Sex, 19 Mar, 10h10
O nome do deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi incluído na difusão vermelha da Interpol —a polícia internacional que mantém representação em 181 países— a partir de solicitação dos Estados Unidos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

X, Y... Mendel?

"Eles dão muita importância a status e a um bom salário, mas não encaram o trabalho como algo importante em suas vidas. O emprego é apenas uma maneira de pagar as contas. Assim foi identificada a relação da Geração Y com o trabalho, segundo uma pesquisa publicada no Journal of Management, que comparou a relação com o trabalho em pessoas de três gerações diferentes.

A Geração Y é formada por pessoas nascidas no fim dos anos 1980, na era da Internet e da informação. A anterior, dos nascida na década de 1970, são os da Geração X.

Diferente da Geração X que fazia do trabalho algo central na vida, para os mais jovens trata-se apenas de um meio para pagar contas." - Puts, fonte esquecida... sorry!

Esta acabando a babaquice do "eu amo o que eu faço"?
Só falta jogar fora a necessidade do status... estará minada a base da ética protestante?
Haverá uma luz no fim do túnel?

Até que a morte os separe


MOSCOU (Reuters Life!) - Ter, 16 Mar, 12h11- Um casal russo que estava tendo relações sexuais dentro de um carro estacionado em uma minúscula garagem morreu de intoxicação por monóxido de carbono, informou a agência de notícias Interfax nesta terça-feira.


Por isso que o Brasil leva vantagem no quesito sexo em locais inusitados: por causa de assaltos não corremos esse risco!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Dieta de catso de barata marinha

Mais uma dos "cientistas": a dieta Eco-Atkins.

É inacreditável a ignorância das pessoas e essa pseudo-ciência dos nutricionistas e pesquisadores da área.

Soma-se a isso a busca por milagres, o culto ao corpo e uma indústria ávida por lucros fáceis e pronto; está instalado o show de banalidades.

Inicialmente vou dar uma breve explicação sobre essa dieta.

A dieta do Dr. Atkins é uma dieta baseada em mudança de metabolismo do corpo e não de quantidade calórica. Basicamente ela é baseada em gorduras e proteínas.
A dieta Eco-Atkins utiliza gorduras e proteínas vegetais para atingir o mesmo objetivo, mas com a chatice de supostamente ser ecológica e reduzir os níveis de colesterol.

Antes de mais nada, deixo claro que adoro carne, mas sou absolutamente contra a crueldade desnecessária com animais, bem como exageros (se bem que um rodiziozinho de vez em quando até que é divertido!).


Mas é babaquice (além de burrice mesmo) achar que ser ecologicamente correto é comer apenas "alface". Primeiro, pois nosso corpo possui um aparelho digestivo totalmente desenvolvido para o consumo de todos os tipos de alimentos, e depois, que somente um idiota completo acharia que a redução de pastos pelo consumo de "alface" iria preservar alguma mata nativa, afinal, onde eu planto as "alfaces"?

E o pior, quanto de "alface" é necessária para suprir a demanda energética de um adulto?
Não tenho dados disponíveis, mas me parece lógico que se 7 bilhões de pessoas no mundo resolvessem comer só "alface" teríamos um desastre ecológico sem precedentes.

Observações feitas, volto às dietas.


Desde o início do século passado os fisiculturistas já faziam essas dietas e conseguiam reduzir sua gordura corporal subcutânea a quase zero (zero é impossível, exceto em cadáveres). Esse conhecimento não somente foi adquirido de maneira empírica mas também com profissionais da área que desenvolviam suas próprias pesquisas.


A maioria dos pesquisadores é financiada por indústrias que não tem muito interesse em que se compre um mero pedaço de carne no açougue (o que se pode agregar numa bandeja de carne? que apelo de marketing seria possível?), e principalmente, que as pessoas não desejem seus "miraculosos" suplementos e pílulas. Outros cientistas, formados por essa educação tecnicista, se baseiam em pesquisas deficientes ou de origem suspeita que, pra eles, são inquestionáveis.


Minha avó sempre dizia que comida boa não faz mal.

De fato, comida não faz mal. Vida ruim faz mal; comida não. 
Você já ouviu falar em esquimó com pressão alta ou enfarte? Eles só (ou quase) comem gordura de foca e, sinceramente, acho pouco viável plantar alface no Alaska.

Os grandes vilões da nossa sociedade moderna são o colesterol, o tríglicérides e a glicose (vide o diabetes).

É cômico (se não fosse trágico) quando vejo aquele sujeito infeliz, mal casado, que trabalha como um escravo e que vive num amontoado de gente que mal se olha na cara falando que não come gema de ovo e nem carne vermelha porque faz mal.

O combustível primordial do corpo é o glicogênio, e tudo o que se come, de um jeito ou de outro, vira glicogênio. O colesterol, os triglicerídeos e a glicose são combustíveis de alta qualidade armazenados sob formas específicas, que num corpo sedentário e numa mente mal tratada, estressada e infeliz vira veneno.


Tirando os produtos refinados (e tudo o que se deriva deles) e as gorduras industrializadas, nada faz mal.

Os casos em que há algum problema de processamento de gorduras ou desequlíbrios hormonais talvez requeiram uma abordagem mais ortodoxa, mas eu teria ressalvas em aceitar totalmente isso.

Um fisiculturista profissional que também é PhD em medicina desportiva (sim, é possível ser um brutamontes que pensa!) escreveu um livro chamado "Solução Anabólica Para Fisiculturistas". Com os devidos ajustes, não é apenas para os profissionais.



Sim, eu fiz a dieta metabólica. E fui testemunha de um amigo portador da famigerada Síndrome Metabólica, que também a fez.

Cheguei a comer, POR DIA, 14 ovos inteiros, 1 Kg de carne, 250 gramas de queijo, 250 gramas de presunto, +/- 50 ml de azeite extra virgem, 5 gramas de óleo de peixe, 3 gramas de óleo de linhaça e, eventualmente, uns bacons com maionese pra "dar uma quebrada".

Resultado em laboratório: colesterol LDL rídículo, colesterol HDL alto, triglicérides ridículo e glicose patética.

Resultado em físico: como dizem os bodybuilders, "rasgado"! E com um ganho em ânimo incrível (o carboidrato libera muita serotonina e vicia —sim, vicia!).

Com certeza você já ouviu falar em aminoácidos essenciais (proteínas) e gorduras essenciais (os famosos Ômega 3 e 6 por exemplo). Mas já ouviu falar em carboidratos essenciais? Não?!

Não mesmo, eles não existem! 

Observação: essenciais são elementos que o corpo não "fabrica" e tem que ser consumidos.

Para a indústria moderna é importante que você acredite nessas dietas mirabolantes de baixo índice calórico e, principalmente, continue a viver mal, pois quem vive mal, além de sedentário, estressado e infeliz (mesmo com suas megaviagens e todas as suas posses), não tem tempo pra cozinhar e nem pra comer decentemente.


Então, deliciem-se com seus produtos diet e light naquelas embalagens coloridas e com outras guloseimas prontas fáceis de fazer.

De quebra, se você adoecer, eles te vendem meia dúzia de pílulas pra controlar a merda em que você se enfiou. Pode dar um cancerzinho aqui ou acolá, mas quem se importa? Isso vale o Mercedes na garagem.




"O homem global é formado por corpo, mente, espírito e emoção. Parece até coisa sabida, praticada, mas não é!
Vive-se parcialmente. Alguns esquecem do corpo e vivem no templo da mente e por ela buscam aproximar-se do espírito.
Mas o corpo esquecido cobra-lhes sustentação, o bem-estar, a disposição, o ar fresco pleno nos pulmões. Falta-lhes o sangue forte e vivo correndo nas veias. Então suas mentes agonizam e seus espíritos se apagam." - Nuno Cobra



 Katsumi Ishimura, nessa foto com 62 anos, planeja competir até os 80

sábado, 13 de março de 2010

(Des)Convite à filosofia

Essa eu tinha que postar!
Marilena, pelamordedeus!!!

Trecho do livro "Convite à Filosofia", de Marilena Chauí:

"... segundo [a fórmula E = m c^2] a energia é a transformação que acontece à massa de um corpo quando sua velocidade é o quadrado da velocidade da luz."

Há outras preciosidades como:

"... a teoria da relatividade mostrou que as leis da Natureza dependem da posição ocupada pelo observador... para um observador situado fora de nosso sistema planetário a Natureza poderá seguir leis completamente diferentes"

Parece que nas últimas edições refizeram essas abóboras...

Achei no blog do Pait!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Los 3 que serão 2

Glauco não era dos meus cartunistas preferidos. A bem da verdade, estava longe disso, mas claro que lamento e acho trágica a sua morte.

A "religião" do Santo Daime, que prega a paz e a tolerância religiosa, gerou mais um possível ato de intolerância, como toda religião, como eu já postei. 

Violência sempre é um ato de intolerância. 

Mesmo sabendo que o suspeito teve (ou tem) envolvimento com drogas, família desagregada e problemas psiquiátricos (qualquer religião pra mim já é um indício disso), não creio que a tal ceita não tenha sua parcela de culpa.

Detalhe importante: no último pebiscito perdemos a oportunidade de banir as armas de fogo da sociedade, ou pelo menos torná-las ilegais definitivamente, pois elas, de fato, só servem para matar.

Mais uma vez, uma arma na mão de um desequilibrado —QUE PODERIA, SIM, ser qualquer um de nós— acabou em tragédia.

Agora choverão os discursos neonazistas de extermínio de criminosos e coisas do gênero.

Violência não se combate com repressão, e sim com educação, reforma social e mudança de valores.
Se existisse um policial por habitante isso não garantiria a inexistência de violência e aposto que nem a reduziria significativamente.

Numa sociedade individualista que nos educa a competir e ostentar, a ética foi abandonada faz tempo, e como eu sempre gosto de frisar, nem tudo o que é legal (de legalidade) é ético.

As nuances entre obter o máximo de sucesso financeiro sem levar em consideração suas implicações morais e sociais são muito pequenas em comparação a "eliminar" outro ser humano que te impeça de alcançar algo ou te frustre de alguma maneira.

Não quero me estender em aprofundamentos sociológicos da violência urbana. Há zilhões de fontes boas de consulta para isso.

Gosto de ser mais prosaico. Uma tentativa utópica e quase ingênua de achar que eu posso contribuir para mudar algo usando linguagem mais acessível.
Como disse Karl Marx: "Os filósofos tem somente interpretado o mundo de várias maneiras; a questão, entretanto, é mudá-lo".

"Falcão, os meninos do tráfico"


Esse documentário servirá para eu demonstrar de modo prático (mesmo sabendo que ele mostra apenas uma das faces da convulsão social), que repressão e "homicídio legalizado" não resolvem nem amenizam o problema da violência.

Vi esse documentário quando foi lançado e algo me chamou muita atenção.

Quase todos (ou talvez todos, se não me falha a memória) os meninos citaram a mãe de uma maneira ou outra como justificativa para o crime.
Não estou justificando o crime.

O Coisa que vos escreve perdeu o pai quando tinha 5 anos, algo comum no mundo das comunidades carentes (que não era o meu caso), onde a morte e o abandono são presenças constantes nessas famílias desmontadas.

Antes de mais nada, vale salientar que eu nunca me lamentei nem achei que tivesse sido prejudicado por isso apesar de que, numa sociedade machista, famílias que perdem o mantenedor homem nunca conseguem manter o mesmo padrão de vida. 

 
E por saber o quão duro é para elas a vida de chefe de família, fica a minha eterna admiração e orgulho incontestável pela minha mãe e minha avó, que também perdeu o marido cedo.
As retirantes, sejam elas nordestinas ou européias como as minhas, dão um show de força real nesse mundo truculento, e masculino.

Como único filho homem e massacrado pela sociedade em que vivemos, onde o macho da família é que deve ser o provedor, a primeira coisa que sentimos é culpa, vergonha e impotência.

Não lembro de pedir algo pra minha mãe, evitava ao máximo. Com nenhuma idade. Tinha vergonha. Não queria submetê-la à infelicidade de não poder dar.

Se, com razoável racionalidade, caráter e formação sociocultural esse peso é enorme, o que dirá um menino que vive num ambiente sem perspectiva, segregado e marginalizado?

Seria fácil apenas "eliminar" ou "isolar" determinados elementos da sociedade sem nem sequer imaginar como eles surgiram e o que eles deixam para trás.


CQD, discursos simplórios sobre a violência não resolvem nada, muito pelo contrário, adiam uma discussão mais ampla e escondem a culpa de todos nós.
É fácil querer "eliminar" a sujeira que criamos para debaixo do tapete.



quarta-feira, 10 de março de 2010

Agora sou um "deles"

Quarentão, ou "em vias de", resolvi não deixar pra depois um sonho de juventude: andar de moto.
Não, não precisa grandes coisas. Qualquer motinho usada serve. Busco uma sensação, e não um símbolo.
Uns amigos que fazem trilha me disseram que até por mil reais se descolava uma "magrela pra rolar num barro".

É muito bom!
Sabe aquela idiotice da "sensação de liberdade"?
Sim, ela existe.

Mas o curioso é no trânsito.
Agora sou um "deles", os motoqueiros.
Sempre estive do lado dos motoristas de carro; um grupo fechado, competitivo e individualista. Parece que estão protegidos naquele mundinho móvel. Isolados, potentes e assépticos.
   
Por coincidência, sempre odiei carros. Por tudo. Principalmente pelo que eles representam em nossa sociedade.
A civilização dos combustíveis fósseis, como diria Fritjof Capra, ou então uma projeção mal resolvida da figura feminina, como diria Carl Jung.
   
Todos os motoqueiros são razoavelmente iguais, sejam eles profissionais das duas rodas, motoqueiros de fim de semana ou simplesmente pessoas que optaram por esse tipo de transporte.
Quando um sofre um acidente qualquer outro para, esteja de Harley Davidson ou CG'zinha, como dizem os motoboys.
Na maioria um olha pelo outro, o básico da conduta ética.

Estar mais vulnerável fisicamente talvez nos lembre que, de fato, não somos nada sozinhos.

É perigoso, concordo, mas o que não é?
As pessoas doam 30 anos da vida (fora a preparação do antes e os cuidados com a saúde que se perdeu depois) pra ganhar uns numerozinhos num outro número que está guardado num local que não existe pra adquirir coisas que não precisam e me dizem que andar de moto é perigoso?!
Não entendeu? Compreensível... uma quantidade de dinheiro (que nunca é o suficiente), depositada numa conta, em um banco, que é trocada por quinquilharias que aliviam sua infelicidade.
   
Sim, posso morrer ou ficar aleijado.
Mas esses zumbis que vivem nessa sociedade já estão mortos. Faz tempo.

"Morte não existe. A vida é um sanduíche de morte. Morte antes, morte depois." - Sandro Baraldi

quinta-feira, 4 de março de 2010

Teste do Coisa

No post passado fiz umas colocações sobre ética —a idealizada pelo Coisa— e o povo brasileiro.

Como eu já fui brutal na crítica a alguns amigos e a esses ditos "classistas" de Darcy Ribeiro, vou fazer uma brincadeira aqui.

Antes de continuar insiro um adicional fora do contexto. 

Os blogueiros "pro" não toleram muita mistura de assuntos ou linguagem coloquial demais. Tudo pra eles é muito sério.
São como os adeptos do SM. Tudo é muito sério. Ops, não posso falar disso aqui porque a Convenção de Genebra proíbe. Aquela mesmo do peido no elevador.
Bom, mesmo os escrachados são sérios, já que são constante e regularmente escrachados.
Os que ficam no meio termo são os metidos a Joelmir Betting, ou seja, aqueles que estão sempre, mas SEMPRE MESMO, querendo ser suavemente irônicos e sarcásticos.
Quando você cria o blog já tem que classificá-lo de alguma maneira, e é proibido, sob pena de banimento, censura ou esquartejamento em praça pública, de mudar de tom ou assunto.

Ok, vamos ao teste:

Primeiro, seja sincero com você mesmo, o que é quase impossível para a maioria.
Segundo, não pense muito, caso contrário haverá uma manipulação inconsciente da resposta.


1) Você vai ao supermercado e o estacionamento está cheio, mas existem várias vagas de idosos e portadores de necessidades especiais, você:

a) nunca estaciona lá
b) raramente estaciona lá
c) ocasionalmente estaciona lá
d) para lá e quer que se fo%@ o mundo


2) Você vai deixar aquele anencéfalo do seu filho na escola (já que o 'príncipe' não pode ir a pé ou de ônibus) e a rua está cheia, então você:

a) para no meio da rua e quem quiser que "passe por cima"
b) dá voltas no quarteirão até achar uma vaga que não atrapalhe ninguém
c) para em fila dupla, pois afinal "são só 5 minutinhos"
d) resolve pagar uma van de transporte, pois assim quem se vira é o motorista


3) Você está assistindo ao seu telejornal favorito depois de ficar, no mínimo, 12 horas fora de casa tomando na... hum, hã... trabalhando nobremente, e vê a notícia de um caso de pedofilia numa escola. Na hora você pensa:

a) se for comprovado deviam matar esse maluco
b) legal terem colocado fogo na escola e terem apedrejado a casa do dono
c) uma coisa dessa só pode ser feita por quem não tem Deus no coração
d) é necessário punir caso comprovado, mas acho estranho um comportamento patológico como esse atualmente


4) Você é um trabalhador-padrão que vive decentemente com o seu salário, mas vê a oportunidade de fazer umas horas extras pra "faturar mais algum". Logicamente:

a) não vejo mal nenhum em me esforçar mais pra ganhar mais
b) não sei se é correto, já que não preciso de mais nada e posso estar tirando a oportunidade de outra pessoa desempregada
c) na minha posição hierárquica não tenho hora extra, mas estou no topo do organograma da empresa
d) faço porque tenho medo de ser mandado embora


5) Nosso excelentíssimo Presidente da República está discursando e você ouve, logo:

a) impávido, já começa a discursar sobre como um ignorante desqualificado chegou à presidência
b) penso que é mais um político como os outros
c) não faço ideia de quem é esse sujeito, sou milionário e não dou a mínima pra quem é presidente
d) não acredita em como a dita esquerda desse país faz um governo mais de centro que os próprios políticos de centro





















Some sua pontuação (resposta = pontos):

1) a = 0; b = 1; c = 3; d = 5
2) a = 5; b = 0; c = 3; d = 1
3) a = 3; b = 5; c = 1; d = 0
4) a = 3; b = 0; c = 5; d = 1
5) a = 3; b = 1; c = 5; d = 0

Importante! Se você pensou, em qualquer uma das perguntas, "se todo mundo faz, por quê eu não faria?", considere todas as respostas como 3 pontos!

Coloque um espelho na frente da cara e veja os resultados:

0 a 2 pontos: pessoas como você ainda me dão esperança na humanidade.
3 a 7 pontos: suas considerações morais e éticas não são lá essas coisas, mas quem sabe usando a cabeça para algo além de suporte de chapéu isso melhore.*
8 a 19 pontos: típico classe média nojento, reacionário, classista e hipócrita.*
20 ou mais: uma criatura desprezível, mas admiravelmente sincera.

* Fácil prever que nesses grupos estão os que "compram carro novo porque dá menos poblema", " trocam de televisão porque a outra é mais fina", "trocam de celular porque o outro tem bateria que dura mais" e petardos de gênero. E ainda se dizem preocupados com a latinha de alumínio na reciclagem...
   
Brincadeira, né?

Bem, a questão 4, por exemplo, foi praticamente colocada dessa maneira (mas colocava-se uma jornada de 4 horas e blá, blá, blá) por Bertrand Russell em "Elogio ao Ócio".

quarta-feira, 3 de março de 2010

Bolão na Mega-Sena

Deram um bolão (que trocadilho infame) nos manés que ganharam a Mega-Sena de 21 de fevereiro passado.

Sempre me intrigou essas supostas vítimas.
Os estelionatários sempre se utilizam da ambição e da voracidade de suas vitimas.
Alerto meus clientes e amigos para que nunca levem a sério mensagens via e-mail e os famosos "clique aqui pra isso ou aquilo".
São poucos os hackers com alto grau de conhecimento técnico. A maioria são meros estelionatários digitais.

Ambos os grupos não fazem vítimas, apenas 'pescam' pessoas cuja vontade de ganhar qualquer coisa a qualquer custo torna nebuloso o seu discernimento sobre potenciais golpes.

O programa Fantástico da Rede Globo (ok, confessei que assisto de vez em quando essa tragédia) fez uma pesquisa em conjunto com o instituto Akatu, em vários estados brasileiros, com um suposto empreendimento imobiliário de alto padrão em locais inusitados (no sentido da legalidade e da ética).
Resumindo, era montado um quiosque com folders, maquetes e vendedores no maior estilo "lançamento pra novo rico", mas o detalhe era que a construção seria, em um dos casos, no meio da orla do Guarujá, na areia mesmo, fechando a praia e tudo mais.

Além de algo ilegal, o que acho o aspecto menos importante, é algo antiético e antiecológico. Uma nojeira mesmo, simplificando.

Em todos os estados, o resultado médio da pesquisa mostrou que entre 60% e 70% dos pesquisados aprovaram o empreendimento e, dos que não o aprovaram, a maioria era de pessoas que alegaram não poder pagar pelo imóvel e por isso se diziam contrários.

É inacreditável.
Como essa gente se diz horrorizada com o governador José Roberto Arruda e seu bando em Brasília ou qualquer outro caso semelhante?
E o pior é que conheço uma penca de pessoas que não compreendem que nem tudo o que é legal, no sentido de lei, é ético.
E, ainda mais grave, que se não é flagrado é esperto, mas se é flagrado é um bandido.

O antropólogo Darcy Ribeiro escreve: "A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e instilada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria."

Me parece que a crise ética do mundo moderno fez sobressair apenas a parte mais desprezível desse povo.



"A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista." - Darcy Ribeiro - O Povo Brasileiro