sábado, 21 de junho de 2014

Brazil,il,il,il

Apesar de não ser muito ligado em futebol, gosto do esporte.
Ufanismo à parte não resisto a jogo de copa do mundo. Na verdade até do Cazaquistão contra o Vietnã.

Não confio em nada onde role muito dinheiro. Infelizmente, com o capital em jogo não convém se arriscar. Devemos lembrar que a tal da livre iniciativa só é de fato livre e sem riscos para uma pequena parte do mundo que detém boa parte das finanças.

Apesar disso acabo torcendo e ficando nervoso.
Sei lá, deve ser alguma ilusão infantil de que realmente é um esporte limpo, onde pessoas competem entre sim em condições de igualdade e todas as nações se confraternizam de maneira sadia.

  • Torço apesar de saber que 10% da população brasileira deter 45% das riquezas.
  • Torço apesar de saber que existem mais de 500 bilhões de dólares desses 10% em paraísos fiscais.
  • Torço apesar de saber que as atividades mais lucrativas do país são o tráfico de droga e a agiotagem (incluindo a agiotagem legalizada das instituições financeiras).
  • Torço apesar de saber que a meritocracia (seja no esporte ou na vida cotidiana) é um devaneio digno dos tolos.
  • Torço apesar de saber que os demais torcedores são em sua imensa maioria hipócritas com discursos ecológicos e de bondade tão vazios quanto suas vidas.
  • Torço apesar de considerar toda forma de nacionalismo/regionalismo algo provinciano e estúpido.
  • Torço apesar de saber que os atletas que se enfrentam estão preocupados de fato é com sua imagem, salário e com seus bônus, para que às vezes criem algum instituto de distribuição de esmolas.
  • Torço apesar de saber que, mais uma vez, quem lucra alto com esses eventos são as grandes construtoras, patrocinadores e veículos de transmissão, enquanto a patuléia permanece como o burrico que corre atrás da cenoura, para que, por fim, os 10% acumulem mais que  45%.


Torço enfim porque uma fantasia de vez em quando não mata.





terça-feira, 10 de junho de 2014

Pequeno infante

Ter ou não ter filhos é uma escolha pessoal. Isso é óbvio.
Tenho vários amigos que os tem e outros não.

Como ultrapassei a barreira dos 40 e vários amigos meus estão nesta faixa, considero que até conheço bastante gente que não tem filhos se comparado a estatísticas típicas de países subdesenvolvidos (vamos ser claros, "em desenvolvimento" é eufemismo).

Eu e minha esposa sempre tivemos essa posição clara e absolutamente concreta: procriar nem a pau.
É claro que sempre aparecem os 'psicologismos' do tipo teve uma infância ruim ou sofreu quando era criança, etc, ou ainda, as dúvidas veladas sobre fertilidade.

Enfim, opções à parte, o interessante é o desenrolar da vida desse modo, e analisar o desdobramento da coisa.

A primeira coisa que ocorre é que as amizades passam a mudar de faixa etária. Seu círculo passa a ser de pessoas mais novas, que geralmente não tem filhos.
Os amigos 'descriançados' claro permanecem.

O motivo é mais ou menos óbvio. Em geral (portanto não estou dizendo todas as pessoas, mas sim a maioria), as crianças monopolizam a atenção e os pais se deixam levar por essa ditadura, e o pior ainda, é que os assuntos se limitam ao universo infantil, diga-se de passagem extremamente desinteressante.

Claro, existem as exceções onde os pais sabem que a criança deve ouvir não e portanto ou tem seu chiqueiro separado do convívio de quem não tem nenhuma simpatia por ficar ouvindo grunhidos, choros, gritos, má dicção, nenhuma ou pífia contribuição útil à conversa e não quer nada seu quebrado ou fuçado por ninguém seja de que tamanho for.

Muitos pais interpretam o 'não gostar de criança' com o 'não gostar do seu filho', ou seja, uma coisa pessoal, e aí a coisa desanda por completo.

Num pais cheio de tolerância ao mal comportamento infantil é normal essa confusão.
Mas uma criança que não sabe se frustrar fatalmente vai virar um adulto problemático no mínimo, ou violento no pior dos casos.
Na Alemanha, por exemplo, existem muitos hotéis que não aceitam crianças.

Aqui no Brasil eu fui numa pousada em Ilha Bela que não aceita menores de 12 anos.
Os proprietários tem filhos, mas reconhecem que crianças enchem o saco de quem não gosta e costumam causar severas perdas materiais (os merdinhas estão sempre quebrando algo) e ecológicas (os merdinhas estão sempre atazanando algum bicho).

Aliás, não gostar de criança não deveria ser visto como algo tão estranho e pecaminoso.
Gostamos de alguns adultos e outros não. O mesmo seria válido para crianças se não fosse o agravante da falta de educação (óbvio, pouco tempo para a absorção de informação e elaboração de uma cultura) e seu fatal desdobramento: sadismo, inoportunismo e outros comportamentos antissociais.

Outra face curiosa é observar como a procriação é escolhida.
Quem não tem filhos tem uma posição racional e concreta sobre a opção, já quem tem filhos muitas vezes foi o tal do "se acontecer tudo bem".

As opções são de acordo com a suas prioridades e filosofias de vida. Cada cabeça uma sentença, mas sinceramente, existem mais razões para não ter filhos do que tê-los, então se você é jovem e pretende seguir os "trilhos sociais" (casar, ter filhos, seguir uma carreira tradicional e todos esses dogmas) se pergunte porque tê-los e não o oposto.
Lembre-se que 'gostar' não é argumento válido, já que se refere a colocar um ser humano no mundo e não comprar uma boneca. A partir daí, faça sua escolha.

Qualquer ser humano racional sabe que a curto prazo o mundo está se tornando um local cada vez mais insalubre.