terça-feira, 25 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Brás Cubas e o síndico


Eu não sei como fui aceitar uma roubada dessas, mas sou síndico do meu prédio.
Nem sequer gosto de morar em prédio, mas tive um breve momento de ideologia barata (e falta de grana) quando resolvi encarar a aventura de morar num prédio e ainda por cima aceitar ser síndico. A ideologia barata foi a de achar que numa comunidade menor, as relações sociais pudessem ser diferentes, aquela coisa de solidariedade, objetivos comuns, ética, etc.

Piada. Em poucos meses vi que é bem pior (do que uma casa).
Agora não sobrou nada. Nenhuma vantagem de morar num "apErtamento". E sinceramente, se tivesse 1000m2 seria apenas menos pior.
Segurança é ilusão, e comprar um terreno virtual, ou um espaço aéreo, é algo muito esquisito para mim.
Dormir cabeça a cabeça com um estranho é bizarro.
Ter um local que só cabe o saco (por isso chamam sacada) é ridículo.

Mas por ser uma amostra pura e simples da sociedade, tem lá as suas curiosidades antropológicas.

Tive um déjà-vu (déjà-vu de post: será que existe isso?) há alguns dias quando uma senhora veio com uma reclamação sobre uns meninos que abriam a porta do elevador e a assustavam propositalmente. Ela me disse ainda que ao ralhar com eles e perguntar "se eles não tinham educação", que os mesmos responderam que não.

Fui conversar com o pai amistosamente. O mesmo perguntou "se a mulher não teve  infância?".
No citado post, havia algo sobre a educação sem limites e sem 'nãos' (à prova de frustrações).
Aí está mais um resultado da mesma.

Crianças são criaturas sádicas e amorais, um "meio-humano".  Por "increça que parível" isso faz parte da babaquice do "ingênua e pura".
Se a moralidade, ética e os limites são adquiridos através da educação isso é evidente.

O bullying, tão comentado atualmente, é outra faceta dessa (falta) de educação.

Na minha infância e adolescência, lá pelas décadas de 70 e 80, nos estapeávamos e nos esculachávamos. Os mesmos que batiam uma hora seriam "vítimas". As "vítimas" aprendiam a se defender. Parecia haver uma ética implícita, um limite. Bom, cá estamos, vivos e sem grandes traumas.

Atualmente a molecada não tem limites e quando "vítimas" não sabem se defender.

Essas criaturas amorais, mal formadas, podem virar os sujeitos que queimam mendigos, espancam prostitutas, batem nos professores e até mesmo matam os pais.

Na melhor das hipóteses, são os párias medíocres de hoje em dia, hipócritas, consumistas e  individualistas. Serão nossos futuros médicos, juízes e professores. Decidirão os destinos de muita gente.

Por estátistica, dentro de 2 ou 3 décadas já estarei herdando o meu terreno de direito.
Tenho pena de quem fica, os filhos de alguns bons amigos.

O síndico de Machado de Assis também falaria: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.".

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mistérios


Alguns mistérios da natureza que os 'homens machos heterosexuais do sexo masculino' desejam perguntar às meninas:

  • Por que as paredes que servem para dividir ambientes e ancorar uma laje tem que ter coisas penduradas?
  • Por que qualquer superfície horizontal tem que estar repletas de penduricalhos e bujigangas?
  • Por que temos que notar qualquer 0,9 mm a menos ou uma curvinha aqui e acolá nos cabelos de vocês?
  • Por que temos que abaixar a tampa da privada se vocês não nos deixam instalar um mictório no banheiro?
  • Por que não posso ter a minha geladeira exclusiva de cerveja se você pode ter dúzias de bolsas e sapatos?
  • Por que temos que lavar a parte externa da panela se eu só sujo dentro?
  • Por que temos que colocar toalha na mesa se é mais fácil limpar a mesa do que lavar a toalha?
  • Por que não podemos beber água direto da garrafa?
  • Por que mulher que sai com homem casado fala que o "homem é tudo igual" se ela sabia com quem saía? Qual é a classificação dela?
  • Por que eu preciso passar camiseta?
  • Se o gosto é ruim, por que não engole logo? Hahaha! Esculachei!
 
 
 
 
NC (nota do Coisa): algum metrosexual ou emo podem até saber a resposta, mas a categoria dos que não saíram do armário não foi convocada.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cognição animal e delírios de um DDA

Há umas semanas atrás discuti com uns amigos filósofos sobre cognição animal, e coincidentemente, há uns dias atrás vi um programa sobre o mesmo assunto.
Nele pesquisadores testaram diversos animais (gatos, cachorros, aves, roedores, macacos, e outros) para avaliar comportamentos e raciocínios tidos como exclusivamente humanos, sem o viés especiocêntrico.

Para quem tem um parente de outra espécie (o que não é o mesmo que ter um "bicho de estimação") as conclusões não foram novidade.

Na verdade, os estudos que foram além da avaliação puramente comportamental remontam o início da década de 90.

Se somos geneticamente quase idênticos a algumas espécies ditas "próximas" (macacos por exemplo) e muito semelhantes a espécies ditas "distantes" (moscas talvez), agora outra barreira foi por água abaixo.

Enfim, o que se concluiu, resumidamente, foi que saudades, afeto, violência em grupo organizada, divisão de tarefas para um objetivo comum (sem experiência anterior), ciumes, tristeza, punição à falta de ética (aqui representada pelo agir pelo bem comum) no grupo, emoções conflituosas no deparar com a morte, etc, não são exclusivamente humanos.

Meu conhecimento é meio precário, mas creio que essa divisão intransponível entre o humano e o "animal" remonta Descartes.

O interessante é que na Idade Média os animais eram julgados pelos seus crimes (um cão que morde seu dono, por exemplo, ia a julgamento) o que mostra um reconhecimento, ou aceitação, do raciocínio de outras espécies.

Roberto Marchesini em "Intelligenze plurime" (Inteligências plúrimas) e "Il tramonto dell'uomo" (O declínio do homem) coloca em discussão a centralidade do "homo sapiens", destacando como na esfera do "bios" não há hierarquias, mas sim especializações relativas aos contextos.

Essas discussões levam a outro patamar o direito dos "animais" e nossa posição no mundo.

Alberto Giovanni Biuso, professor de Filosofia da Mente na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Catânia, na Itália, escreveu um artigo sobre as falhas e contradições do paradigma humanista:

"Mover-se rumo a um antropodescentramento do conhecimento significa, simplesmente, entender melhor a vida, tanto em sentido biológico como em sentido ético. São muitas as formas em que o antropocentrismo se expressa, do antropomorfismo, que tende a assimilar a cognição animal à humana, à reificação, que nega que nos animais não humanos haja inteligência. Em ambos os casos, é ignorado o fato de que a inteligência, é uma função biológica que - como a sensorialidade, a anatomia das artes, a digestão - se apresenta no universo animal de modo plural com uma multiplicidade de vocações e atitudes não sobreponíveis entre si".

Acho muito interessante filósofos modernos estarem discutindo sobre outras bases, ou seja, que nossa construção da realidade talvez não seja tão importante e muito menos única.

Com todos esses estudos e quebras de paradigmas, me parece que somente os 'símbolos' são exclusividade nossa.
Os criamos e nos tornamos escravos deles.

Não que outras espécies não o façam ou não possam fazer, mas ao que parece, simplesmente não importa a eles, pois suas percepções de mundo são construídas com base em inúmeros sentidos, e a "falsidade", entre eles, de fato tem "pernas curtas".

Esse assunto se estende e quero divagar sobre outras coisas ligadas ao assunto (cognição animal) e esses sentidos.

Eu entro correndo em casa de repente, ainda com meu capacete. A Cindy (minha gata) me olha com cara de "que diabos esse panaca está fazendo?" e não se abala. Ou então, um copo tomba na cozinha sem ninguém lá e o Klaus (meu gato) fica em estado de alerta, mas quando o mesmo copo tomba mas outra pessoa conhecida está lá ele não se abala.

Interessante como eles constroem a realidade deles.
Me parece que nós construímos nossa realidade de maneira visual, quase que exclusivamente, mesmo sendo nosso sentido limitado em alcance e espectro de frequência. Note que até mesmo um cego de nascença parece tender a isso.
Talvez seja resultado do nosso processo evolutivo. Uma limitação nossa mais do que influência cultural.

Os gatos, assim como outras espécies (mas felinos e outros predadores principalmente), usam uma vasta variedade de sentidos sem que algum deles tenha mais importância.

Mas veja como a Cindy construiu aquele momento. Ouviu com um alcance e profundidade superior, sentiu os infrasons com os bigodes e os pelos, viu em espectro superior e sentiu o cheiro, tudo isso resultou num modelo de mim em sabe-se lá em quantas dimensões e sabe-se lá em que formato visual teria para nós.

Mas mesmo com roupas estranhas, algo cobrindo a cabeça inteira e sem falar uma palavra ela me reconheceu instantaneamente.
Nenhum símbolo foi levado em consideração. Absolutamente nenhum.
Lá estava eu, nu diante dela, sabe-se lá sob qual formato construído.

Nossa limitação de sentidos e nossa importância aos símbolos talvez nos limite a capacidade de pensar, de fugir do senso comum.

Imagine Marx, Freud e Einstein. Será que eles não conseguiam extrapolar certas limitações?

Einstein a meu ver teve o maior insigth de toda a história da humanidade.
Ele criou algo contrário a toda a sua formação cultural e a todo o conhecimento científico até então. Algo que foi além de uma pura especulação e superficialidade (como os átomos de Epicuro - filósofo pela qual tenho grande simpatia). Algo que continha elementos de dimensões completamente fora do senso comum.

Em suas famosas "experiências mentais" ele criou um tecido onde o espaço e o tempo são interligados e deformáveis, e a partir daí, por exemplo, imaginou que um corpo muito massivo e de altíssima densidade poderia deformar esse tecido a ponto de a própria luz ser "engolida" por ele (hoje conhecido como "Buraco Negro").

Poderia essa importância aos símbolos e essa "tendência visual" estar nos tirando muito mais do que um senso de justiça, ética e felicidade?

Vishi, aonde eu fui parar...
Eu juro que não bebi nada... ainda...


Dia triste para o rock

Ontem, vítima de câncer, aos 67 anos, faleceu o lendário Ronnie James Dio (DIO, HEAVEN & HELL, Black Sabbath, RAINBOW), um dos maiores vocalistas do Heavy Metal mundial. 

Tive o prazer do vê-lo ao vivo. O baixinho é um monstro no palco. Interpretação, voz e carisma.


Num mundo de mediocridades, os heróis estão indo embora.


Bacana a carta aberta de Lars Ulrich, baterista do Mettalica, destinada a Dio.
E claro, não faltarão órfãos...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pretensão? Quase nada

'Em seu primeiro disco solo, Sandy exercita seu lado poético: "Sou essa pessoa melancólica. Vejo uma beleza triste na natureza, na vida, no mundo, nas pessoas". E brinca: "Queria ser Clarice Lispector!".'
Terra - Terça, 11 de maio de 2010, 07h50


Se o Sarney e o Paulo Coelho podem ser imortais (na ABL), por que a Sandy não pode ser Clarice Lispector (mas com 0 de QI)?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Curiosidades: a delicadeza de um mamute

A cena abaixo não é montagem, nem uma das lendas da internet.



A foto (do filme Pumping Iron) mostra o "Governator" em aulas de balé com seu parceiro de treino, Frank Columbo. E não é brincadeira, são aulas para tornar o posing mais elástico e estético.

Existem algumas bobagens preconceituosas que falam sobre o fisiculturismo. Só pra descontrair —já que aqui não sigo linha nenhuma, umas curiosidades e abobrinhas:

- Um fisiculturista profissional de ponta tem tanto alongamento quanto uma bailarina.

- Quanto maior a massa muscular, maior a capacidade de relaxamento.

- Quanto maior a massar muscular, maior seu consumo basal (= podemos comer mais!)

- Musculação não diminui o pau, mas como também não aumenta, é de se admitir que a proporção fica prejudicada. :o))

- Musculação não masculiniza uma mulher (a não ser que ela mande toneladas de Stanozolol, como a Feiticeira). Ela as deixa, sim, uma delícia.

- Conheci mais PhD's, mestres, médicos e engenheiros em academias do que em qualquer faculdade "vagaba". Não que isso signifique algo, mas de qualquer modo a proporção de nabos em academia é a mesma que em qualquer outro lugar.

- Arnold Schwarzenegger trabalhou com Andy Warhol fazendo um trabalho experimental onde ele era a própria obra.

- "Não tenho medo de nada... a não ser de depilação." - Arnold Schwarzenegger

- Pumping Iron é considerado um clássico da cultura pop.

- Ter um "tamanho avantajado" permite a um sujeito argumentar mais convincentemente. :o))

- A maior curiosidade de ser um pouco maior que a média é a inveja despertada. Não diretamente pelo físico, mas pelo estilo de vida, afinal, quem trabalha 24h/dia não tem tempo pra si próprio e, no fundo, esses ocupadinhos sabem que aquele status todo não serve pra nada.

- O mais divertido é a quebra dos estereótipos, principalmente quando o dito "mutante" tem profissões como engenheiro de software, professor de física ou é artista plástico, ou ainda, quando para se distrair na esteira, leva um livro do Baudrillard pra ler.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Já dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade...

06/05/2010 - 15h29 - UOL
"Chico Xavier" ultrapassa 3 milhões de espectadores desde a estreia.



Resolvi ver a entrevista que o sujeito fez para a Globo há uns anos.
Bom, é tosco.

Se ele tinha boas intenções ou não é outro problema; mas se você prestar atenção sem o viés babaca, irá assistir a um indivíduo completamente out.

O português precário nem é importante, mas as alegações são estapafúrdias e é notório o problema com a sua sexualidade.
Não que ser homossexual seja um problema, mas como pessoas "travadas" lidam com isso, com certeza.

Talvez seja possível sair do armário no Paraíso.

Os rabiscos que ele faz são o máximo. São como as figuras de Rorchard. Você vê o que lhe interessa.

Confesso que é bem sedutor, num momento difícil, ouvir que o ente querido está num local melhor e "olhando" por você.
Enfim, um prato cheio pra qualquer psicanalista. Em outras épocas daria internação no Juqueri.

Aproveitei para assistir a uma entrevista do tal Divaldo Franco, uma espécie de Tim Tones (lembram do Chico Anysio?) com jeito de professor de primário.

Eu queria saber por que a classe média está aderindo em massa à tal "doutrina" (preferem essa palavra, a religião).
De cara, pode-se notar o caráter pseudocientífico do discurso, o que deixa a coisa menos patética e aceitável para pessoas supostamente cultas.
O cara mistura espíritos com Big Bang e buracos negros, re-encarnação com genética e por aí vai, um verdadeiro samba do crioulo doido —sem conotação racial, pois não ficaria bem usar "samba do afro-descendente com raciocínio especial".

A superficialidade de seu conhecimento é ridícula. Fala sobre a "bênção" da atmosfera mas não cita (nem deve saber), por exemplo, que a atmosfera, simplificando, só existe graças à magnetosfera.

Segundo ele, os espíritos também podem vagar pelo Universo, independentemente da distância. Talvez porque Einstein nos tenha deixado essa possibilidade (espaço-tempo "deformável"), mesmo que ínfima e sob zilhões de condições.

A figurinha até pode estar fazendo algumas obras sociais, todavia pode-se fazer o mesmo sem vínculos com "livros sagrados" e demais bobagens. Bastaria que houvesse ética em nossa sociedade.

Há mais de 2 mil anos Aristóteles deve estar esperando um momento oportuno para "re-encarnar"...

Por ser uma religião (ou dogma, como queira) recente, os espíritas se aproveitam muito da ciência. Provavelmente devem ter (ou arrumarão em breve) uma explicação ridícula para a clonagem humana, pois sendo tecnicamente possível, de onde viriam as mil almas para os meus mil clones? (Que Deus —ou Alá, Maomé, Zeus, Buda, Shiva, Itzamná, ou seja lá como você queira chamar— tenha piedade do mundo com mil Coisas!)

No mais, a hipocrisia das massas é a mesma em qualquer outra religião ou dogma.
Pega-se as fantasias que as fazem se sentir bem e ignora-se o que não interessa —nunca conheci ninguém que vivesse como os Franciscanos.

Esses "new-espíritas" classe média são os mais obcecados por trabalho, status e posses que qualquer indivíduo "materialista".

Não tolero nenhuma dessas banalidades religiosas, pois caso tolerasse alguma teria que aceitar todas, afinal, se os espíritos ascendem para um plano superior (olha que coisa bizarra! pode significar o que você quiser!) por que então alguém não poderia explodir o World Trade Center para ganhar as mil virgens do paraíso?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Se eles são o futuro...

Assisti novamente Madadayo.
Kurosawa nunca é demais.

Com tanto respeito e reverências ao sensei, pensei (vishi, cacofonia nipo-brasileira!) em uma das reivindicações dos professores brasileiros: a de não querer mais apanhar.
Esses meninos "puros e ingênuos" são nosso futuro...

O filme é muito lindo! Um requiem.
Kurosawa faleceu 5 anos depois, em 1998.

O sofrimento excruciante do sensei com a perda de Nora é perfeitamente compreensível...

Temos muito a aprender com esse povo, mas nada é perfeito.
O número de suícidios no Japão é alto (o próprio Kurosawa tentou o suicídio uma vez), assim como o alcoolismo e a violência doméstica, que até há poucos anos era tratado como "assunto privado".

Uma em cada 3 mulheres japosesas sofrem ou sofreram agressões e a cada 3 dias uma vítima de violência doméstica morre.
Provavelmente graças à influência ocidental, a violência entre os jovens vem aumentando na mesma proporção do aumento do vandalismo.

Voltando à ficção...
Não entendeu nada porque não viu o filme?
Azar o seu.


sábado, 1 de maio de 2010

Prozac pode, Hemogenin não

Depressão é a doença do século. Isso é bem aceito entre os especialistas.
Mas canso (bago cheio mesmo!) de ouvir pessoas que se dizem "depressivas".
Antes de mais nada vale dizer que uma pessoa pode estar/ser deprimida ou estar em um estado depressivo.

Na nossa sociedade, tristeza é, se ele existisse, o oitavo pecado capital.
Paradoxalmente, mas não por acaso, vivemos na época mais angustiante e triste da curta história da nossa civilização.

Tristeza não é depressão. Angústia também não.
Tristeza, assim como felicidade, é um estado de humor temporário.
Tristeza não é "uma coisa ruim" assim como felicidade "não é uma coisa boa". São apenas emoções humanas. Ambas colorem nossos espíritos.

Depresão é uma patologia. Um nada. Void. Zero absoluto.
Um não existir ou querer deixar de existir. Um não sentir muito mais do que um sentir tristeza.
Mais do que infeliz (o que nem sempre ocorre), a depressão te deixa sem ação, inapto para a vida.

Assim como não somos educados para não fazer nada (De Masi/Russell), atualmente não somos educados para enfrentar as infelicidades e frustrações inerentes à vida.
E como ninguém sabe lidar mais com isso, o Prozac e outros antidepressivos viraram remédio para os fracos.

Atente para o fato de que o portador da patologia denominada depressão está doente e necessita de auxílio, já o sujeito triste, angustiado ou frustrado, que não deveria se apoiar em um fármaco, é um ignorante emocional, um fraco que não sabe enfrentar as "tijoladas" da vida.

Hemogenin é um remédio para anemia que é utilizado por alguns indivíduos para o aumento de massa muscular, uma das famosas "bombas".
Apesar de estarmos cercados de imagens de "heróis" com 150 cm de peitoral e 60 cm de bíceps, a reação a esses produtos é visceral.

Prozac é um remédio para depressão que é utilizado por alguns indivíduos para a melhora no suporte às dores da alma e às frustrações, uma das, ainda não tão famosas, "bombas do espírito". Apesar de estarmos cercados de motivos para a tristeza e a angústia, a reação a esses produtos é o estímulo ao uso indiscriminado.


"A angústia é a única fonte de criação" - Jacques Lacan