segunda-feira, 23 de julho de 2012

Como vinho coisa nenhuma

Até virtualmente meus heróis estão envelhecendo comigo.
Max Payne está na meia idade e além de alcoólatra está viciado em analgésicos.



Os Mercenários 2 juntou todos os brucutus geriátricos que nos divertiam na década de 80.


Mestre Arnold, você sempre será O cara!

A quarta década é uma fase esquisita, talvez a mais esqusita de todas.
Da adolescência pra idade adulta temos problemas completamente idiotas dignos de uma mente vazia e imatura.
Dos 60 em diante lida-se com os "finalmentes". Os que não tiveram a 'não-vida' de trabalho nas corporações não passam pela depressão da "inutilidade", já que sabem que ainda podem ter uma vida (quase) interessante.

Mas a passagem da barreira dos 40 é cheia de quebras de paradigmas e, principalmente, mudança de identidade.

Durante duas décadas (conscientemente no meu caso), construi um 'eu' que combinava comigo e me protegia bem: a do grandão mal humorado que ajudava 'frascos e comprimidos'.
Não é atoa que o apelido de Coisa surgiu no IFUSP, aonde o grandão mal encarado cuidava dos gatos que lá viviam. Touro Ferdinando, João Pequeno, etc.

Fui muito bem sucedido.
Fiz bons amigos, clientes e até, apesar de não ser o Brad Pitt, atraí as mulheres e porque não dizer, os homens.
Sujeito contido, de poucas palavras, que abomina piadas, frases feitas e a idolatria ao senso comum.
Do humor me restou a corrosividade.
Do otimismo nada.
O sentir-me mal com a decadência física é natural.

Não sou hipócrita em achar isso bom, mas sei que é a desconstrução do meu personagem que mais me afeta.
Encontrar um 'novo eu' ou apenas achar odioso a falência do anterior?
Não acho nenhuma das hipóteses ruins em si mesmas, são apenas opções.
Estou "retificando" o pulso esquerdo e os dois ombros, desgastados precocemente. O corpo cobra os abusos do passado.
Retirado um caroço no peito ainda restaram as protusões lombares e um cotovelo calcificado.

Não me parece um futuro promissor, apesar de, paradoxalmente, eu não acreditar em futuro.
Restariam-me para esse tempo à frente a inteligência?
Vários dizem sim, eu lamentavelmente não acredito.

Uma criança prodígio que andou e falou com 10 meses, explicava máquinas mecânicas e termologia básica aos amiguinhos.
Um adolescente promissor que aprendia fácil e bem cedo se aventurou com sucesso no mundo da eletrônica.
Um jovem que escreveu livros e empreendeu com facilidade.

Mas no fim um adulto confuso, perdido em pensamentos 'improdutivos', que usa exclusivamente a lente do realismo cru e com auto-estima discutível. E para coroar, não fui o 'Einstein' que gostaria.
Cada vez mais misantropo e desgostoso com a raça humana.

Resta-me torcer (nada mais inútil) para que, cruzando os 50, as coisas fiquem mais leves e uma nova identidade seja encontrada.

De fato, mais leve eu já estou ficando... hehe... humor negro de um 'old bodybuilder' decadente...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Lá se foi mais um

Assisti Jon Lord tocar umas 3 ou 4 vez no Brasil com o Deep Purple, uma delas no Concerto para Grupo e Orquestra.
Tecladista excepcional, compositor e pianista clássico, começou no piano aos 5 anos.



Morreu hoje aos 71 anos, deixando 2 filhos de 2 casamentos e uma legião de fãs e admiradores pelo mundo todo.

Cada vez menos há gente boa no mundo...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Fé. Sempre fé.

Ultimamente perdi a fé na amizade.

As pessoas no fundo parecem que tem uma convivência social conveniente. No mundo corporativo e virtual isso fica mais evidente. Nem sei mais se existem exceções.
Nossa sociedade monetário-mercantil criou ou tornou essa relação assim doentia.

Se o que nos separa dos demais animais é a razão, nada mais racional (ops!) que tornar as relações ‘convenientes’ mais do que qualquer outro tipo de 'atração'.

O grupo humano é dividido em três grades subespécies, os homo sapiens, os pagodeiros e os sertanejos. O primeiro está em extinção e os demais dizem que são as emoções que nos tornam humanos.
Uma grande bobagem.

Nossas emoções são bastante primitivas assim como nos nossos outros 'primos complexos'. In natura poderíamos dizer que existem o medo, a raiva e a empatia. Apenas criamos recentemente essas bobagens como amor, paixão, felicidades e tristezas viscerais.

Na realidade (ou algo que interpretamos assim), a vida é bastante cinza e sem graça. Não que isso seja ruim, as coisas são apenas o que são.

Filmes colorizados também tem esse aspecto fake.

Não sou um existencialista e nem um essencialista, acho essa categorização outro maniqueísmo idiota.

Somos uma mistura dos dois em infinitas proporções individuais.

Somos um universo chamado ‘corpo’, onde vários sistemas atuam completamente à margem do que você imaginaria chamar de “eu”. E nem se pode afirmar o quanto o “eu quero fazer isso” é biológico, cultural ou manipulado por uma torrente de impulsos elétricos e químicos provenientes de algum desses subsistemas completamente alheios ao nosso controle.

Talvez por isso não chegue a achar deprimente essa volatilidade da amizade.

No fim, como ter a pretensão de querer direcionar a Via Láctea?

Somos todos psicopatas travestidos de personagens de novelas mexicanas (não sei por que se fala em nossos primos latinos se as nossas novelas são ‘mais mexicanas’ que as deles?!).

Sinto muito, mas olhar pra alguém e “cair de paixão” é tão real quanto os elfos do Senhor dos Anéis.

É tão real quanto cair em tristeza profunda pelo filho do Leonardo (da dupla... umas das 193 mil). Se Deus existisse eu diria que ele às vezes tem uns ataques de bom gosto. Quem sabe o moço se salva mas fica mudo...

Mas é isso aí, mude de trabalho ou residência e veja as paixões se esmaecerem aos poucos. Sem problemas, é o rumo caótico do universo.