Até virtualmente meus heróis estão envelhecendo comigo.
Max Payne está na meia idade e além de alcoólatra está viciado em analgésicos.
Os Mercenários 2 juntou todos os brucutus geriátricos que nos divertiam na década de 80.
Mestre Arnold, você sempre será O cara!
A quarta década é uma fase esquisita, talvez a mais esqusita de todas.
Da adolescência pra idade adulta temos problemas completamente idiotas dignos de uma mente vazia e imatura.
Dos 60 em diante lida-se com os "finalmentes". Os que não tiveram a 'não-vida' de trabalho nas corporações não passam pela depressão da "inutilidade", já que sabem que ainda podem ter uma vida (quase) interessante.
Da adolescência pra idade adulta temos problemas completamente idiotas dignos de uma mente vazia e imatura.
Dos 60 em diante lida-se com os "finalmentes". Os que não tiveram a 'não-vida' de trabalho nas corporações não passam pela depressão da "inutilidade", já que sabem que ainda podem ter uma vida (quase) interessante.
Mas a passagem da barreira dos 40 é cheia de quebras de paradigmas e, principalmente, mudança de identidade.
Durante duas décadas (conscientemente no meu caso), construi um 'eu' que combinava comigo e me protegia bem: a do grandão mal humorado que ajudava 'frascos e comprimidos'.
Não é atoa que o apelido de Coisa surgiu no IFUSP, aonde o grandão mal encarado cuidava dos gatos que lá viviam. Touro Ferdinando, João Pequeno, etc.
Fui muito bem sucedido.
Fiz bons amigos, clientes e até, apesar de não ser o Brad Pitt, atraí as mulheres e porque não dizer, os homens.
Sujeito contido, de poucas palavras, que abomina piadas, frases feitas e a idolatria ao senso comum.
Do humor me restou a corrosividade.
Do otimismo nada.
Fiz bons amigos, clientes e até, apesar de não ser o Brad Pitt, atraí as mulheres e porque não dizer, os homens.
Sujeito contido, de poucas palavras, que abomina piadas, frases feitas e a idolatria ao senso comum.
Do humor me restou a corrosividade.
Do otimismo nada.
O sentir-me mal com a decadência física é natural.
Não sou hipócrita em achar isso bom, mas sei que é a desconstrução do meu personagem que mais me afeta.
Encontrar um 'novo eu' ou apenas achar odioso a falência do anterior?
Não acho nenhuma das hipóteses ruins em si mesmas, são apenas opções.
Estou "retificando" o pulso esquerdo e os dois ombros, desgastados precocemente. O corpo cobra os abusos do passado.
Retirado um caroço no peito ainda restaram as protusões lombares e um cotovelo calcificado.
Retirado um caroço no peito ainda restaram as protusões lombares e um cotovelo calcificado.
Não me parece um futuro promissor, apesar de, paradoxalmente, eu não acreditar em futuro.
Restariam-me para esse tempo à frente a inteligência?
Vários dizem sim, eu lamentavelmente não acredito.
Vários dizem sim, eu lamentavelmente não acredito.
Uma criança prodígio que andou e falou com 10 meses, explicava máquinas mecânicas e termologia básica aos amiguinhos.
Um adolescente promissor que aprendia fácil e bem cedo se aventurou com sucesso no mundo da eletrônica.
Um adolescente promissor que aprendia fácil e bem cedo se aventurou com sucesso no mundo da eletrônica.
Um jovem que escreveu livros e empreendeu com facilidade.
Mas no fim um adulto confuso, perdido em pensamentos 'improdutivos', que usa exclusivamente a lente do realismo cru e com auto-estima discutível. E para coroar, não fui o 'Einstein' que gostaria.
Cada vez mais misantropo e desgostoso com a raça humana.
Resta-me torcer (nada mais inútil) para que, cruzando os 50, as coisas fiquem mais leves e uma nova identidade seja encontrada.
De fato, mais leve eu já estou ficando... hehe... humor negro de um 'old bodybuilder' decadente...
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