Por fim tudo passou. Ou quase.
Passei por mais um aniversário vivo, essa data horrível que me lembra da decreptude imposta pelo tempo.
Junto com o fim do ano (quer época mais deprimente?) e o início do ano cuja morte do meu pai me assobra (bem captado pela 'patroinha'), atravesso a época mais detestável do ano.
Ainda não cheguei lá, vivo o limbo dos 40, mas não tenho essas babaquices da melhor idade e dos animados jogos de bocha, ou ainda, dos velhinhos radicais que vão saltar em tandem de paraquedas (já fiz isso solo mais de uma vez).
O corpo desmancha e o cérebro se petrifica.
Nada a ver com a aparência, isso não me importa, e ainda por cima a genética me foi generosa.
Quanta bobagem dizer quem a "experiência" e a maturidade vem com a idade, confundir o inevitável acúmulo de conhecimento da passagem do tempo com alguma espécie de vantagem da velhice.
Dizer que a "outra alternativa" é pior ou então "porque não se mata?" é ainda mais ridículo.
Se a não vida é uma não existência, não há "outra alternativa". A vida em si é uma ditadura.
Quase não há (aliás, no momento não lembro de nenhum - deve ser a velhice) grande insights feitos depois dos 50.
Uma das maiores (talvez a maior) mente humana simplesmente enrijeceu com a idade. Einstein uniu de maneira coerente e sólida o tempo e o espaço e também a matéria e energia. Dois pares que sempre andaram completamente separados no senso comum.
Já com 'certa idade' e até seu fim, se recusou a aceitar a física quântica, mesmo sendo a sua própria teoria fotoelétrica a 'mãe' da dita cuja.
Não aceito a citação da criação artística mesmo a respeitando e a admirando, pois ela é uma reciclagem pessoal e abstrata de n realidades. Quase uma não criação. Uma crítica a determinado momento histórico-cultural e fim. Não que isso seja pouco, mas não é algo muito evolucionário.
Num mundo recheado de conceitos hipócritas e mercantilistas de "natureza", ecologia e sustentabilidade, afirmar que morrer de velho é "natural" chega a ser absurdo.
Vou vivendo. É o que todos fazem.
Mas não me diga que tem algo de bom e desmilinguir-se com o tempo.
Espero que os neurônios, apesar de carcomidos, preservem a dignidade de reconhecer a hora de jogar a toalha.
Passei por mais um aniversário vivo, essa data horrível que me lembra da decreptude imposta pelo tempo.
Junto com o fim do ano (quer época mais deprimente?) e o início do ano cuja morte do meu pai me assobra (bem captado pela 'patroinha'), atravesso a época mais detestável do ano.
Ainda não cheguei lá, vivo o limbo dos 40, mas não tenho essas babaquices da melhor idade e dos animados jogos de bocha, ou ainda, dos velhinhos radicais que vão saltar em tandem de paraquedas (já fiz isso solo mais de uma vez).
O corpo desmancha e o cérebro se petrifica.
Nada a ver com a aparência, isso não me importa, e ainda por cima a genética me foi generosa.
Quanta bobagem dizer quem a "experiência" e a maturidade vem com a idade, confundir o inevitável acúmulo de conhecimento da passagem do tempo com alguma espécie de vantagem da velhice.
Dizer que a "outra alternativa" é pior ou então "porque não se mata?" é ainda mais ridículo.
Se a não vida é uma não existência, não há "outra alternativa". A vida em si é uma ditadura.
Quase não há (aliás, no momento não lembro de nenhum - deve ser a velhice) grande insights feitos depois dos 50.
Uma das maiores (talvez a maior) mente humana simplesmente enrijeceu com a idade. Einstein uniu de maneira coerente e sólida o tempo e o espaço e também a matéria e energia. Dois pares que sempre andaram completamente separados no senso comum.
Já com 'certa idade' e até seu fim, se recusou a aceitar a física quântica, mesmo sendo a sua própria teoria fotoelétrica a 'mãe' da dita cuja.
Não aceito a citação da criação artística mesmo a respeitando e a admirando, pois ela é uma reciclagem pessoal e abstrata de n realidades. Quase uma não criação. Uma crítica a determinado momento histórico-cultural e fim. Não que isso seja pouco, mas não é algo muito evolucionário.
Num mundo recheado de conceitos hipócritas e mercantilistas de "natureza", ecologia e sustentabilidade, afirmar que morrer de velho é "natural" chega a ser absurdo.
Vou vivendo. É o que todos fazem.
Mas não me diga que tem algo de bom e desmilinguir-se com o tempo.
Espero que os neurônios, apesar de carcomidos, preservem a dignidade de reconhecer a hora de jogar a toalha.
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