Após divagações sobre música e vida com alguns jovens amigos, disparei meu último email a eles:
Tentando esclarecer algumas “brigas” diversas e possíveis interpretações errôneas sobre minhas posições controversas, e, aproveitando nossas divagações sobre música, gostaria de deixar claro que a obra (especialmente de um Roger Waters por exemplo) de um artista deva ser compreendida muito mais do que simplesmente ‘consumida’.
Como vcs são mais jovens do que eu, e porque terão filhos, deveria ser mais importante ainda, enfatizo a a importância de refletir sobre consumo, trabalho e dinheiro. Indo bem mais fundo do que simplesmente achar que se compra algo porque “gosta” e se “pondera bem sobre o custo/benefício”, que são verdadeiras falácias e desculpas furadas para se integrar a esse modelo sócio-econômico.
Gostaria que vcs lessem toda a minha mensagem.
Para pensar muito e sem preconceitos e amarras, além de Zeitgeist, sugiro “Da servidão humana” texto e/ou vídeo de Jean-François Brient (gratuito) ou no site.
Posso gerar os DVD’s se quiserem e tiverem coragem e capacidade para refletir.
São a boa síntese do PVL*.
Faz anos que debato isso.
Faz anos que me libertei (quase totalmente) e prefiro ficar à margem (daí vem o termo marginal) desse sistema.Faz anos que perco amigos para corporações e fictícios modelos de vida.
Não posso fazer nada além de tentar advertir os mais jovens sobre o ‘personagem’ que estão assumindo e a vida única que estarão jogando fora.
Fantasias de paraísos de mil virgens e espíritos não resolverão o amargor de uma não vida, um devaneio dessa ‘matrix’ criado pelo capital.
Corro o risco de parecer pretencioso. Não tem problema, vale a pena por algumas pessoas.
O corpo cobrará (hipertensão, tumores, gastrite, obsesidade, síndromes metabólicas, etc).
A mente cobrará (ansiedade, depressão, síndrome do pânico, etc – as pandemias modernas).
E essa casca do que você imagina ser você não suportará.
Na face dessas pessoas, num momento de relaxamento e “baixa de guarda”, se estampa essa amargura, a despeito de todo o marketing do “eu sou feliz”.
Alguns são escravos a vida toda, dissolvidos nessa ‘pasta social’, com suas ‘fotinhos de família feliz na Disney’ e trabalhadores ‘bem sucedidos’.
Outros poucos acordarão quando já é tarde, ao fim de uma vida que é curtíssima.Menos ainda serão os que conseguirão observar o rídiculo e patético teatro que não são obrigados a participar.
É compreensível que sintam ‘orgulhosos’ e encantados por esse novo ‘poder’ que o capital parece conceder.
Mas a grande questão será SE e QUANDO descobrirão que esse suposto poder é na verdade escravidão.
Alguns perceberam que não quero mais conviver com as pessoas.
É fato.
Prefiro a amizade eterna na lembrança de alguém por quem eu nutria afeto e respeito do que a decepção e o desagrado de conviver com ‘bonecos de arlequim’ que nada mais sabem sobre si mesmos.
Minha dureza com alguns é o desespero de quem sabe que pode perder mais amigos, pois não se é duro com quem ignoramos ou somos indiferentes.
Essas perdas são verdadeiras mortes. Vivo um luto cada vez que isso ocorre.Aquela pessoa interessante deixou de existir.
Agora existe apenas uma “coisa” travestida daquele ser humano que você conhecia.
Parafraseando Jean-François Brient, que sintetizou algumas sensações minhas:
“Meu otimismo está baseado na certeza que esta civilização vai desmoronar.
Meu pessimismo em tudo aquilo que ela faz para arrastar-nos em sua queda.”*Nota: PVL = Projeto Vida Longa, grupo antigo mas dinâmico de amigos.
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