Segue sugestão de um excelente texto acadêmico (ebook de Leandro Anselmo Todesqui Tavares) que, mais do que sobre depressão, trata do indivíduo na sociedade pós-moderna.
Uma síntese da perversidão que o modelo monetarista-mercantil aliado à 'sociedade espetáculo' trouxeram a individuos 'ajustados' ou não.
"A realização de pequenos e fugazes prazeres (sempre que possíveis) torna-se um ímpeto aos indivíduos, e ao contrário do que se poderia pensar, presenteia-os com sensações eternas de tédio, insatisfação e 'mal estar' típicos de nossa atualidade."
A "facebookização" dos relacionamentos (a "Sociedade Espetáculo" de Guy Debórd) é muito bem sintetizada.
"No início do capitalismo, a dialética subjetiva dos indivíduos consistia em uma degradação do ser para o ter. O sucesso naquele momento específico, bem como as realizações e conquistas satisfatórias para o ego, dependia de quanto poderia acumular-se em bens e dinheiro. Ter posses que representassem sua riqueza capital era o que movia os indivíduos em termos de dinâmicas subjetivas na sociabilidade daquela época, enquanto hoje em dia, ter já não representa muito se isto de fato não servir para a aparição diante do cenário espetacular. Temos então, na atualidade, um deslizamento do ter para o parecer ou (a)parecer diante do espaço social e, neste sentido, toda realidade individual torna-se social."
"O desvanecimento das habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objetos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e em termos de seu 'valor monetário'. Nesse processo, os valores intrínsecos dos outros seres humanos singulares (e assim também a preocupação com eles por si mesmos, e por essa singularidade) estão quase desaparecendo de vista. A solidariedade humana é a primeira baixa causada pelo triunfo do mercado consumidor." (Bauman - 2004)
Da medicalização excessiva:
"Os psicofármacos, pelo enorme efeito antidepressivo e tranquilizante, visam a transformar esses miseráveis sofredores em seres efetivos da sociedade espetáculo. Com isso, silenciam-se as cavilações pesadas e as ruminações 'excessivamente' interiorizadas dos deprimidos, e eles são transformados em seres 'legais' do universo espetacular."
A "facebookização" dos relacionamentos (a "Sociedade Espetáculo" de Guy Debórd) é muito bem sintetizada.
"No início do capitalismo, a dialética subjetiva dos indivíduos consistia em uma degradação do ser para o ter. O sucesso naquele momento específico, bem como as realizações e conquistas satisfatórias para o ego, dependia de quanto poderia acumular-se em bens e dinheiro. Ter posses que representassem sua riqueza capital era o que movia os indivíduos em termos de dinâmicas subjetivas na sociabilidade daquela época, enquanto hoje em dia, ter já não representa muito se isto de fato não servir para a aparição diante do cenário espetacular. Temos então, na atualidade, um deslizamento do ter para o parecer ou (a)parecer diante do espaço social e, neste sentido, toda realidade individual torna-se social."
"O desvanecimento das habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objetos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e em termos de seu 'valor monetário'. Nesse processo, os valores intrínsecos dos outros seres humanos singulares (e assim também a preocupação com eles por si mesmos, e por essa singularidade) estão quase desaparecendo de vista. A solidariedade humana é a primeira baixa causada pelo triunfo do mercado consumidor." (Bauman - 2004)
Da medicalização excessiva:
"Os psicofármacos, pelo enorme efeito antidepressivo e tranquilizante, visam a transformar esses miseráveis sofredores em seres efetivos da sociedade espetáculo. Com isso, silenciam-se as cavilações pesadas e as ruminações 'excessivamente' interiorizadas dos deprimidos, e eles são transformados em seres 'legais' do universo espetacular."
Traduz bem porque o Coisa não acredita mais, de maneira geral, em amizade:
"Predominantemente, as relações estabelecidas pela lógica consumista, que evidenciam o individualismo em nossa cultura narcisista, acabam, por fim, tornando o exercício da sociabilidade uma condição propícia para a exploração do outro, em relações vazias de sentido e significados cujos vínculos são, na maioria das vezes, frágeis, supérfluos e meramente ocasionais."
Pincela a violência em nossa época:
"O sujeito contemporâneo personifica de forma caricaturada a verdadeira representação de um 'homem-bomba', em um sentido subjetivo que em sua relação empobrecida com o outro pode, enfim, concretizar variadas práticas de violência no que diz respeito aos seus envolvimentos sociais"
"Os destinos do desejo assumem, pois, uma direção marcadamente exibicionista e autocentrada, na qual o horizonte intersubjetivo se encontra esvaziado e desinvestido das trocas inter-humanas. Esse é o trágico cenário para aimlosão e a explosão da ciolência que marcam a atualidade" (Birman - 2001)
"É na defesa contra o sofrimento e o desprazer que habita o próprio sofrimento e 'mal-estar' em si." (Freud - 1930)
Ou acesse: http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=106
O autor do texto oferece algum tipo de "solução" para o problema, ou é só crítica mesmo?
ResponderExcluirOlha, "solução" é algo commplexo. Acho interessante saber porque (ou pelo menos os fatores que contribuiem) e como 'a coisa' floresce e se ramifica, e que o paliativo fármaco é apenas um quebra galho.
ResponderExcluirNo fim, se não conseguirmos trabalhar nossas angústias e frustrações (o que não é nenhuma vergonha ou derrota), terapia é o caminho.
Se será psicanálise lacaniana, freudiana, cognitiva, etc, vai depender do que cada um se sente mais confortável.
Mas uma coisa eu acho imprescindível: a ausência (dentro do que um profissional humano consegue claro) de julgamento moral.
Imagina um terapeuta homofóbico, espirita ou evangélico por exemplo?!
Sem chance!